sexta-feira, novembro 30, 2007

Soundtracks

Pixies - Hey
Pixies - Where is my mind?
Bob Dylan - The ballad of a thin man
Band of horses - The funeral
Cold War Kids - We used to vacation
The Killers - All these things I have done
Coldcut - Mr. Nichols
Margarida Pinto e Tó (Ornatos Violeta) - Capitão Romance
The Whitest Boy Alive – Burning

Estas são as que ouço quando a loucura espanca a racionalidade. As que me deixam a imaginar que posso escrever estes textos e nunca ser acusado de poluição. É parte da minha banda sonora.

Vós… tende banda sonora?

quinta-feira, novembro 15, 2007

barba... beu! beu!... cabelo... beu!beu!

Hoje fiz a barba e cortei o cabelo... o que quer isto dizer? Estou verdadeiramente curioso, why does one shave and gets a haircut with only a few hours apart?( e agora mesmo, neste momento, dei uma canelada dos diabos na perna da mesa e dói que se farta!!!)
Até a umas horas atrás tinha a barba e o cabelo num estado que tem com toda a certeza uma denominação clínica, nos filmes já vi que este tipo de mudanças radicais tem significado, mas ainda não percebi a razão desta revolta. Espero que tenha razão, mesmo que a desconheça, para animar a festa, sinceramente esta party anda menos mexida do que esperava.
A festa de ser finalista, existe efectivamente uma distinção, por mais estúpida que seja, quem faz a distinção, em grande parte, espera que o sujeito finalista daqui a um ano se torne num super herói, alguém que consiga fazer tudo o que o sujeito distingador (uma palavra linda, que não existe) nunca, ou ainda não, chegou a fazer. Se calhar está tudo na minha cabeça, continuo um cidadão anónimo, mas com manias, deve ser isso, espero que seja isso.
O que interessa é que estou com menos cabelo e com a barba ausente! O que é grave. A cabeleira grande e despenteada sempre dava um look desgraçado, especialmente quando comparado com o corte à pivô de telejornal que recebi do senhor Victor ( o único barbeiro que conheço que é feliz com o que faz), a cabeleira sempre desmotivava qualquer um que se aproximasse, desta forma a possibilidade de surpreender fica reduzida a cacos, especialmente quando falamos de pessoas da vadiagem, são sempre as mais difíceis de ganhar. Quanto à barba... porra!!! Foi uma péssima decisão, bye bye ao alternative look! Mas que raio de ideia, fazer a barba, já dava quase para prender canetas! Ter barba só por ter barba, ai está um modo de vida! Ora bolas!
Em suma, de fronha limpa, o que vou começar a fazer eu de diferente? Cheira-me que pouco...

Dizer pouco com muita palavra!

quinta-feira, outubro 25, 2007

...

 Estou cheio de títulos e sem um único texto. O costume, preciso de começar a preencher o espaço que está abaixo de todos os fantásticos títulos que descobri.
 Cada vez mais duvido que encontre, nem sequer deve ser suposto, não é o lógico. Talvez faça sentido deixar todos a meio ou apenas escrever introduções, mas acho que devem acabar todos com três pontinhos. Sinceramente este é mais um desses, um título que sempre gostei e um texto vazio. Sinceramente até se aproxima do que gosto, coisas que existem só porque existem, parece sempre que tudo o que nos rodeia tem de ter sentido, mas porquê? Porque não podem existir coisas desprovidas de sentido, não é positivo gastar tempo com algo que apenas nos serve porque serve e não precisa de ter um significado ou um propósito. Eu tenho este amigo, este amigo é um bom amigo, este não existe (o que facilita a tarefa de ser bom amigo), a sua existência deve-se apenas a si próprio. Poder-se-ia dizer que me faz companhia nas horas vagas, mas não faz, apenas está, está sempre, é sempre indiferente…

 Mais um disparate cortado pela hora de jantar, voltem sempre.

 Devaneios infinitos…

segunda-feira, julho 02, 2007

(mas que raio de tema)

o amor está repleto de momentos "lindos", "únicos" e todas essas tretas que se diz quando se está apaixonado. eu tenho um favorito. aquele mesmo antes do primeiro beijo. o tom cruise no "vanilla sky" cria mesmo uma técnica baseada nesse momento, "pleasure delay" (não sei se no "abre los ojos" também existe o mesmo conceito) , claramente sou profissional nessa técnica (mas não é esse o tema a tratar). o que precisamos para criar um momento desses duas personagens, sejam elas hetero, homo ou lesbo tanto faz, até pode ser com dois gafanhotos. um local pouco habitual para ambas as personagens, a beleza do local não tem qualquer relevância, a paixão dá uma pedra tão grande que ambas acham que aquele é o melhor sitio do mundo. muita paixão, tenha um dia de fermentação tenha vinte anos, isso também não interessa pois adrenalina de ter a certeza do que se irá passar nos próximos momentos é tão grande e tão rara que torna a experiência sempre incontrolável. as roupas, muito importante, as roupas, são elas que nos fazem criar a conversa, pois durante o tempo todo da "dança de acasalamento" toda a gente fala com o corpo e ouve com os olhos e raramente a comunicação é sonora, a forma como cada uma das personagens enrola o fio que está a sair da camisola ou massaja as mangas da camisa é a conversa. algo muito apreciado (excepto pelo autor do blog, sabe quem o conhece) a invasão do espaço intimo por horas infidáveis, durante o tempo todo do quase beijo não se pode estar a mais de 2cm de distância, afinal de contas está quase. finalmente... a certeza do que queremos, este é o ingrediente mais difícil de arranjar, das duas uma ou é tudo muito estúpido para ter sempre a certeza do que quer ou muito medroso para se decidir, no entanto a certeza do que queremos é o que nos leva a ter a certeza do que iremos fazer, o que fazemos é o que acontece... sempre, nunca falha, o que fazemos é o que acontece.

notas:
estou doido!
não estou apaixonado, mas durante esta fase de estudo tenho notado que o amor está no ar tal como os exames.
desisti das letras maiúsculas porque acho que nunca irei escrever de uma forma bonita, portanto talvez consiga fazer um bloco de texto de esteticamente agradável retirando as letras grandes.
o texto está mesmo muito mal escrito, mas estou em exames e com muita vontade de falar de outras coisas, mas sem genica para escrever

Mais coisas...

O Saramago diz que é um crime escrever sem ter nada para dizer... eu digo que pode ser que lhe caia o Nobel em cima da tola... ou mesmo que descubra que tem o mesmo nome do meu professor de Análise Matemática e venha ter uma conversa com ele sem pontuação.

coisas...

O que me aflige e o que aflige o mundo já não estão em sintonia como antes estiveram...
Já estiveram portanto sei que é possível voltarem a estar. Quando o voltar a conseguir tudo se irá tornar mais simples, terei seis biliões a ajudar-me com o meu problema pessoal.
Está na altura de confessar que... são poucos os que se interessam, é natural, apenas eu tenho o problema. Não falo de problemas práticos como a velhinha Matemática ou a ausência absoluta de prazer em estudar o que me obrigo diariamente a estudar. Estou a falar no panorama geral, a velhinha questão, "o que vou eu fazer à minha vida?"... Cheira-me a muito disparate, vou deixar este por aqui e começar outro já, ou daqui a uns meses...

domingo, junho 03, 2007

Não tenho grande coisa para contar. Durante estes periodos de trabalho intenso de faculdade, a minha cabeça fica vazia.
Enquanto tomo banho de manhã continuo a pensar/imaginar o futuro, penso sempre que o amanhã é um reflexo de hoje e tento encontrar boas razões para fazer com que o hoje seja melhor que o ontem. A depressão académica continua a fazer das suas e a levar-me bocados, cada vez mais nestes momentos me sinto menos eu e mais uma criação do instituto, afinal de contas é esse o objectivo desta educação, transformar-nos, tornar-nos adultos capazes de realizar o que imaginamos. Não percebo este objectivo, quando era mais novo imaginava mais, tentava mais, provavelmente também me via mais limitado... mas não estava perturbado por ter pessoas à minha volta que se sentem bem a serem inseridas no sistema... o sistema... maldito sistema! Odeio o sistema! Tenho problemas com o sistema, suspeito que seja inveja. Gostava que o sistema não tivesse oferecido o que ofereceu até hoje, as idas ao espaço, as curas para as doenças, a passagem do conhecimento. Preferia que não existisse sistema mas sim caos e que daí aparecessem todas essas criações, no entanto parece estar provado (ou assim me ensinaram) que o caos apenas cria mais caos e desespero. No entanto, o caos parece-me mais proximo do que é ser humano, a mistura onde nimguem se entende mas que permite que todos nos toquemos. Imaginemos dois quadros, um organizado, mecanico, limpo e funcional, outro com todas as cores misturadas, sem padrões e orgânico.
Eu obviamente prefiro o caótico! Mas e tu? Podes sempre pintar um terceiro!

Dificilmente saberão responder a esta pergunta depois de ler isto, mas pensem nisso, caos e sistema. Saiam um dia das obrigações só porque sim e vão fazer o que vos sempre apeteceu, intependentemente de ser produtivo ou não, o que interessa é destabilizar!
Eu entretanto vou contribuir para o sistema.

quinta-feira, abril 12, 2007

Verdades...

Cada um tem o que merece...

segunda-feira, março 26, 2007

Choices...

Burn your dreams! Alguém terá dito, mas ainda não sei quem.
Será? É esse próximo passo? No trainspoting um jovem Ewan Macgregor absolutamente agarrado às drogas e ao divertimento que elas lhe proporcionavam, ao preparar-se para "spotar" mais um "train", provavelmente o último, adverte-nos para a escolha apropriada...
"Choose Life. Choose a job. Choose a career. Choose a family. Choose a fucking big television, choose washing machines, cars, compact disc players and electrical tin openers. Choose good health, low cholesterol, and dental insurance. Choose fixed interest mortgage repayments. Choose a starter home. Choose your friends. Choose leisurewear and matching luggage. Choose a three-piece suite on hire purchase in a range of fucking fabrics. Choose DIY and wondering who the fuck you are on a Sunday morning. Choose sitting on that couch watching mind-numbing, spirit-crushing game shows, stuffing fucking junk food into your mouth. Choose rotting away at the end of it all, pishing your last in a miserable home, nothing more than an embarrasment to the selfish, fucked up brats you spawned to replace yourself. Choose your future. Choose life."
Um lugar-comum, bem sei. Um lugar-comum com que me deparo todos os dias, não por causa das drogas ou por estar atado a um linha férrea, mas porque sim. Porque como sempre escolhi, continuo a escolher o caminho que não estou a fazer, prefiro tudo o que não tenho, mais uma vez... estou como o António, "Estou além". Mas não me conformo, a falta de jeito, o desagradável que é estar onde se quer e como se quer não me o permite, a escolha acertada de ser quem se tem jeito de ser. No entanto o futuro apróxima-se, cada vez mais, de resto já o sinto, na escola, nas pessoas, nos amigos, na família, no ar enfim... no espaço. Começa a chegar a hora de decidir, mais uma vez, a decisão não é complicada, por ser tão óbvia é que fica difícil, a escolha acertada, seja ela qual for, não vai ser a minha. Já percebi que tenho pessoas à minha volta que já fizeram essa escolha à muito, provavelmente custou-lhes tanto como a mim (se bem que nunca escreveram abstractamente sobre isso), algumas estão a decidir agora, "has I write", em conjunto, em solitária, de olhos fechados, de braços abertos, a gritar e espernear, sem perceber, não sei... algumas iram fazer a escolha errada, outros a acertada, a partir daí é andar em frente até à proxima casa!
A grande questão fica-se por o que é conformismo e o que é a perseguição de um desejo? Supostamente o amor também tem destas coisas, mas isto não é o amor, é a vida. Há altos e baixos, dias em que estamos a fazer a melhor coisa do mundo (absolutamente raros) e dias em que estamos no único lugar onde não pertencemos. Sejam perfeitos ou não, os dias sucedem-se, e sinceramente este comboio não para, felizmente ainda não é o dia de decidir, mas... e quando for?
Choose life? ou Choose a mindless and ignorant, american movie made DREAM?!

quinta-feira, janeiro 25, 2007

Noite de fados...

Silêncio! Ora bem! Vamos a ver se consigo cantar contar esta estória, já lá vão algumas horas desde que estou acordado e tenho de voltar a despertar dentro de poucas horas, desta vez para trabalhar a sério.
Esta noite estava eu sentado em casa, absolutamente aborrecido com o maldito dia que tinha tido na faculdade, quando decidi, "vou dar uma volta!". A certeza foi tanta que em menos de cinco minutos estava na rua e em menos de dez, a caminho de algum lado, sozinho. Durante a viagem pensei, aqui está uma triste imagem, eu, no carro, a caminho de lado nenhum, sozinho.
Passada a depressão decidi ir ao bairro alto, sitio que conheço e onde há sempre gente. Já era meia noite, durante umas horas andei a deambular pelo bairro, em busca de imagens e alguma inspiração... talvez para escrever mais um texto.
Depois de algumas voltas e bastante frio, encontrei o catacumbas, um antigo bar jazz, um dos meus favoritos, entrei, um mar de gente absolutamente indiscritível, movimentar-me era impossível. Mesmo assim fui batalhando caminho fora até ao palco, tentando não entornar a cerveja e arranjando maneira de lesionar o máximo de pessoas (talvez assim o bar ficasse mais vazio). A banda tocava um jazz pesado, muitas pausas e acelerações, pareceu-me ser jovem, afinal de contas algumas das melodias que apareciam no meio das musicas eram minhas conhecidas das rádios pop, conheci um casal de ingleses que me perguntaram o que era o bairro e se era "apenas aquilo" que Lisboa tinha para dar numa noite de quarta-feira. Algumas horas passaram.
Depois de abandonar os ingleses com um trio de alentejanas absolutamente grogues no bar dos vodkas, parti em direcção ao carro. Aqui inicia-se o momento mágico da minha viagem ao bairro. Numa decisão inesperada, optei por passar à porta da tasca do Xico. Muita gente, mulheres com casacos de peles rascas, pessoal com um ar de poucos amigos, mas todos felizes. Ao ver tal espectáculo decidi investigar se haveria ou não Fado, claro, "hoje há Fados" escrito na porta, imediatamente esbocei um sorriso. Perguntei a uma senhora com um certo ar de fadista, "hoje ainda há fados?", a resposta veio em brasileiro, uma pequena desilusão, claramente não era esta a fadista, mesmo assim não perdi a esperança. Entrei e pedi um imperial. No bar a trabalhar em conjunto com as já conhecidas "brasileiras do Xico", o mesmo Xico que no ultimo ano de ETIC me tinha pedido para ouvir fado e ver se não gostava. O resultado desse desafio foi obvio, ouvi, gostei e ainda não larguei. O Xico continua igual, seja como for essa noite que a mim tanto me marcou, pouca mossa fez na cabeça dele, como seria natural. Depois deste reencontro (unilateral) fui me sentar, como já é clássico meu sentei-me na mesa com o gajo (porque aquele homem apenas pode ser referenciado como gajo, porque senhor é para meninos e ele n estava para isso) mais distante da minha realidade. Calhou o meu companheiro de mesa ser um local muito querido da população da tasca, mesmo sendo a sua informada opinião sobre qualquer assunto ouvida e tomada seriamente em consideração. Para conseguirem visualizar a figura, 1.80M, não parece gordo porque era muito alto, um par de mãos que tinham o tamanho do meu tronco e umas patilhas até às bochechas. Depois de muito ouvir a animada conversa entre ele e um senhor mais franzino (mas que claramente não tinha medo do gajo), eis que entra o anunciante da festa. O programa e razão para aquele povo todo era simples, o baptismo da Daniela, uma jovem fadista que iria ser baptizada pela sua madrinha e o seu padrinho, madrinha de seu Cidália Amoreira e padrinho... com uma forte voz mas de quem não me lembro o nome. O primeiro conjunto de fados foi interpretado pelo padrinho, fados tristes, muito bem cantados, o fadista mais parecia um agarrado, mas é o aspecto que faz o fadista, e fadista que n estacione carros, não canta népias! Eis que entra o segundo acto, antes de se dar inicio a este segundo acto o anunciante da noite, dá os parabéns a um fadista que se encontrava na casa. Cantam-se os parabéns. O povo está feliz e contente, o anunciante tentar manter a calma do publico para ter o tão desejado silêncio, eis que no meio desta barulheira alguém faz o absolutamente impensável, levanta-se e dá os parabéns ao aniversariante! O anunciante, absolutamente sexagenário e claramente em boa forma física, perde a cabeça e começa a ordenar a quem se levantou que se sente, o outro jovem sexagenário que se levantou recusa-se a sentar excepto se for pedido com bons modos, segue-se a troca insultos, ainda que sem ordinarices, como um deles disse, depois começam os empurrões, ora que se prepara para saltar o primeiro sopapo... a tasca agarra os dois jovens e pede-lhes que se acalmem, o senhor da minha mesa, chora, chora como já não chorava à anos (ficou no mínimo 30 anos mais novo), há quem grite "isto sim é fado!", a balbúrdia é total, são trocadas cervejas, um moço foge com um copo de vidro para a rua e disse desatar a correr, o segurança ainda ameaça correr, mas a barriga não o permite entretanto volta-se a gritar "ALTO! QUE SE VAI CANTAR O FADO!". Eis que o povo se cala. Como é isto possível, questiono-me eu? Seja como for a próxima interpreter era nada mais nada menos que a própria Daniela. Nota-se que ainda é nova nestas coisas do fado, mas o Cámané olha para ela dando-lhe força (estava lá, a verdadeira festa, mas não cantou :( ). De seguida entra a estrela da noite, a Cidália, uma mulher meia cigana, meia espanhola e um nada de portuguesa, velha, e gasta do álcool. A surpresa é absoluta, a voz é igual à das espanholas, grave e baixa, mas com uns berros no meio das musicas, finge que toca sevilhanas enquanto dança, o espectáculo é único, as musicas acabam e o povo grita! A preferida do trio apresentado é obvio, mas hoje não é dia de guerras, mas de baptismo. Finalmente o baptismo, uma encharpe molhada em champanhe posta na nova fadista, muitas fotos e mais um fado! A festa é grande. Aqui acontece algo novo que nunca tinha ouvido, o improviso, o guitarrista e a fadista Cidália inventam uma musica ali, cantam os dois, entram num bate bocas um pouco ordinário, mas justificado por ser divertido.
Uma noite de festa solitária.


P.S.: Não consegui mesmo escrever tudo, nem bem. Mas escrevi!

domingo, janeiro 21, 2007

Tranquilidade...

Não compreendo. Sou um estudante das pessoas, vejo e revejo, acções, atitudes, formas, fluxos, ambientes, tudo que me interessa são as personagens. Chego a conclusões, sempre sem fundamento com a excepção do momento, a partir dai desenho o futuro, das personagens e mais interessadamente o meu.

Funcionou durante muitos anos, talvez eu fosse mais observador do que sou agora, talvez tenha tido sorte, provavelmente sempre falhou mas nunca me apercebi dos erros, agora... sofro cada vez mais com a acumulação desses erros. Sofro porque não percebo, as peças não encaixam, sinto me alguém de sessenta anos no mundo moderno, quando me vêem sou transparente, não tenho segredos, quando vejo não vejo, percebo mas rapidamente me desiludo com a solução errada. Sinto-me a saltar a fase em que se é confiante e determinado, passei da adolescência à terceira idade, nunca cheguei a ser adulto, acho que nem sequer fui um jovem adulto onde acredito no que a minha mente me diz, mesmo desconhecendo a verdade.

Acredito que mesmo assim hei de conseguir ter a cabeça arrumada, não é possível que fique confuso sempre. Afinal de contas ainda hoje, a menina que estudava no centro comercial sorriu-me, o meu amigo com o inesperado filho cumprimentou-me e olhou-me com o ar de quem diz que estou no caminho certo a estudar, a senhora que me vende o café continua surpreendida com a quantidade de vezes por semana que estudo e os velhotes da mesa do lado espreitaram para as minha matérias e comentaram como devem ser interessantes e como no tempo deles lhes custava estudar mas como também era bom estar com a Marianinha lá do colégio. Tudo isto são sinais positivos, não?

Continuo esperançado que sejam sinais, de que qualquer dia conseguirei ter, ou pelo menos iludir o próximo de que estou tão tranquilo como ele. O meu objectivo ainda é o mesmo de quando entrei na faculdade, de resto é o único ponto que se mantêm igual, a minha obsessão com a inatingível tranquilidade. Não quero riqueza, nem poder, desejo apenas tranquilidade. Provavelmente é o que me falta, um objectivo ambicioso, alguma ganância de desejo de poder, talvez se conseguisse interessar-me em ganhar mais de que o próximo, ganharia também a sua tranquilidade. Mas como se pode ganhar tranquilidade roubando-a a alguém? Não é incomodativo ser um ladrão de tranquilidade? Sangue frio e racionalidade é tudo o que é preciso. Talvez... Mas não me interessa, quero uma tranquilidade construída por mim, algo que eu conheça e saiba porque ficou assim, mais importante, que não me possa ser roubada.

Parece desinteressante esta ideia de tranquilidade, todos apreciam o movimento e o estremecer natural das coisas, mas continuo sem me importar muito, talvez quando me importar as coisas mudem.

Falta-me crescer, ganhar aquele gostinho a sangue para me tornar em mais uma maquina de matar num fato, onde a alegria vem com o ordenado e as grandes questões de dividem entre o que se ganha e o que se faz. Mas por enquanto as questões continuam a estar ligadas ao desejo da tranquilidade, ao contribuir para a tranquilidade dos outros, ao fazer o melhor que se pode e que se acha, finalmente, à bimba imagem do nascer do sol na praia, que é sempre um cliché, mas continua a ser a melhor sensação do mundo!


P.S.: mesmo depois de tanto tempo sem escrever, continuo sem fazer sentido.