quinta-feira, janeiro 31, 2008

31-01-2008

Desde de muito pequeno que ouço as pessoas à minha volta a encorajar outras pessoas a ir "lá para fora". Acho que depois de tanto ouvir quem sempre cá esteve a encorajar outros a saírem, entranhou-se-me na pele, para ser honesto parece-me que sempre me esteve entranhado na pele.

À medida que se aproxima o fim do curso, que em simultâneo se parece estar sempre a distanciar, sonho mais com a possibilidade de me pôr a andar, New York, London, Paris, Tokyo, Brasilia, Berlin, Buenos Aires, Kopenhagen, Madrid, Oslo, Beijing e não sei mais onde... tudo parece possível, Lisboa, Porto, Vila Real, Santo António dos Cavaleiros e Marco de Canaveses talvez para outra altura, penso eu.

A verdade é que a certeza de sair não é tão grande como o desejo e nem esse sei se é tão grande, os papas, as manas, os amigos, a praia enfim... a vida, continua a parecer muito boa por cá (se bem que como sempre deprimente). Encarar com seriedade a hipótese de sair daqui é assustador, refugio-me nas possibilidades que são oferecidas por outros locais de labora, os salários, as culturas, o absolutamente desconhecido... infelizmente nada disso irá substituir aquele jantarzinho em casa dos amigos, a monotonia semanal do bairro Alto, as conversas pós jantar que há medida que se vai amadurecendo vão ficando mais interessante (o que indica que estamos a ficar mais aborrecedores do que éramos, ambos os manos moradores nesta casa).

Tudo é muito bonito, mas a verdade é que não sei se tenho o que é preciso para durante pelo menos um ano virar costas ao inicio da vida adulta no meu país, na companhia dos meus amigos, para a solidão de uma aventura com o inesperado.

Infelizmente, estranhamente, não tenho muitos amigos a quererem o mesmo que eu, posso mesmo dizer, nenhum. Sempre fui anti-social, sem o ser, mas isto está a passar as marcas, não sei porquê sempre imaginei que quem contratasse em Portugal tivesse dificuldade em arranjar pessoas porque todos os que acabam um curso querem ir para outro país, tenho vindo a descobrir que nada disso existe. Tenho pena, porque embora goste de fazer quase tudo sozinho, gostava de ter alguém que estivesse no mesmo barco que eu e se sentisse tão emocionado quanto eu em mudar de código postal, sei que existem mais pessoas que querem fazer exactamente o que eu quero, pelas mesmas razões que eu, mas onde andam?


Estou farto de escrever mas ainda não disse nada, aqui vão alguns pontos...

Porque quero ir trabalhar para outro país? Quero descobrir pessoas que são absolutamente diferentes de mim. Quero perceber o que nunca podia perceber aqui. Quero conhecer-me. Quero aprender coisas que nunca imaginei e quero que me sejam mostradas de formas não se mostram cá. Quero ser surpreendido. Quero ficar diferente. Quero perceber o que é uma oportunidade, porque as que cá temos são diferentes das que há noutros sítios. Quero voltar a sentir que tenho tudo a descobrir de novo. Quero sempre saber como é a vida para os moradores de outros países. Quero olhar para os turistas e ficar a pensar que estão apenas a levar um décimo da experiência. Quero ser fixe. Quero saber do que falo próxima vez que recomendar a alguém que vá para fora. Quero estar sentado num avião, comboio, barco ou autocarro e pensar: "Cá está uma bela m#$£@ de uma ideia!". Quero... sei lá o que quero, quero sentir-me em queda livre!


Porque quero ficar? Porque gosto de quem conheço. Porque embora esteja poucas vezes com muita gente, não quero sentir que não posso estar. Porque não quero perder nada da vida das pessoas que me interessam. Porque é simples. Porque é bom. Porque posso ir à praia e sei como o fazer. Porque ainda não tive metade das aventuras a que tenho direito mesmo em casa. Porque aqui posso perceber do que falam as pessoas experientes, sem ter de começar do inicio. Porque este é efectivamente o meu país. Porque gosto que nem tudo cá chegue. Porque posso optar por perder ou viver algo que só se vai passar uma vez no nosso país e sonhar com isso o resto da vida. Porque posso começar a pensar no resto da vida e não nos próximos 12 meses. Porque adoro ir ao aeroporto, se começar a ser frequentador assíduo vou começar a odiar, ou pior, ser indiferente. Porque sempre me imaginei cá. Porque não gosto do esforço de uma aposta que posso odiar. Porque nem sequer quero abandonar o meu quarto, quanto mais o meu país.

Em suma, tenho medo!


Escrevi este pequeno texto em 31/01/08, ainda mal comecei a minha tese, tenho entregar o último trabalho do primeiro semestre mas não consigo deixar de pensar nisto! Espero que daqui a uns meses tenha graça ler este texto e pensar "nem eu imaginava como isto ia acabar" (claro, que acabe comigo com o curso feito e feliz).

quarta-feira, janeiro 02, 2008

Voltas....

Ouço a mesma música em repeat na esperança que a inspiração pré exame me ataque, como sempre… falho. Não desisto mesmo assim de ser o escritor… blogger menos inspirado.
Mais uma volta ao sol. Mesmo assim continuo a ver o sol a circular à minha volta, eu não quero desistir de pensar que o centro sou eu e o meu umbigo. Vendo sobre “a perspectiva” nunca cheguei a dar nenhuma volta. Portanto se passou e ainda quero fazer o mesmo que no inicio, da mesma forma, ainda não sei o que quero fazer, ou como fazer o quer que seja que queria fazer inicialmente.
Continuo perdido, a andar aos apalpões mas com um ar mais maduro.
Que esta seja aquela volta que vai ser diferente, que esta seja “a volta”!