segunda-feira, julho 21, 2008

Madrid num parágrafo

Tudo isto é demasiado para o que estou habituado, cada vez mais me sinto a cair no mundo dos contentinhos. Madrid? Quem quer saber? Gostava de puder contar com um daqueles "Madrid é:", mas a verdade é que não é. Madrid são. São milhares de coisas que não consigo descrever, mas em grande parte é voltar a sentir alguém a puxar pelas minhas pálpebras para ver melhor, que me mostra que nunca percebi nada e tenho tudo a aprender, Lisboa volta a ser uma aldeia, minha, mas uma aldeia. Madrid está a bater com tanta força como o calhau que conheci intimamente em Algés, mas gosto desta pedra. Por enquanto compreendi que ainda me falta ver muito, falta-me ver tudo, o calor e os turistas não ajudam a variar, no entanto não é só por ser Madrid que percebi que não podia estar mais errado quando pensei "afinal fico em casa", não estou em casa. Estou muito longe do que é casa, estou longe dos papás, das manas, dos brothers de todos, estou a fazer maquinas de roupa e a prestar atenção ao que os meus colegas de casa cozinham para que possa comer algo mais que bifes, o pouco tempo de net que tenho no trabalho, aproveito para ver o site do Ikea para descobrir uma cama e uma saboneteira, passo o tempo todo a mirar caixotes de lixo que possam ter moveis, limpo o chão e a louça, faço a cama e arrumo a roupa, tudo o que aprendi em casa a ter uso, finalmente, porque desta vez ninguém me vai dizer que não posso viver assim, tenho de ser eu. Faço a paralelismo com o Interrail muitas vezes, erradamente, isto é outra coisa, vou passar sete meses nesta casa, cheiro os problemas e o trabalho de me manter saudável. Nada de grave, pois tresanda a festa e sensação que há tanto procurava, a mesma de deslizar aquela onda, aquela que achava que não ia dar, mas que fica com mais de dois metros sem eu estar à espera, um misto de medo, adrenalina e alegria, não me estou a ver ainda a querer parar de deslizar... e as saudades? Andam ai, ainda hoje, depois de uma noite menos própria para um domingo, o mal-estar de pouco dormir junta-se à saudade, os amigos, a família, a minha Lisboa, os espanhóis mal encarados, brutos, sem saber o que é café e o que é água suja, vai custar, este ainda foi só o primeiro aperto. Passou mal cheguei a Velásquez e mais uma vez percebi que as mulheres do meu bairro também andam em Beverely Hills, que este domingo vou voltar a beber um Frappucino e comentar a noite anterior, que talvez vá a uma feira ou a um evento bizarro como a guerra de água em Vallecas, que provavelmente irei conhecer mais uma pessoa que nunca tinha visto antes e que embora não tenha a ver comigo, também gosta de viajar, também está feliz em Madrid, também quer ser bom no que faz e também quer é só divertir-se um pouco. Quem pergunta pelas paixonetas?... Somos vinte, temos entre 22 e 30 anos, não temos problemas em gastar dinheiro, queremos nos divertir, os espanhóis são feios, as espanholas são uma perdição, faz calor e estamos numa gigantesca cidade no meio do deserto... "é fazer a conta". O trabalho...nunca me senti mais estúpido, também poucas vezes olhei para algo tão estúpido e achei que se souber carregar nos botões certos posso ter surpresas. Muito claramente, passo o dia num open-space a programar coisas básicas e ninguém se interessa se está bem ou mal sem ser eu, tal como em Lisboa pensei, depende de mim. Ainda agora estou a dar os primeiros passos, mas já quero correr. Venham cá ver por vós. Vou jantar e tratar de passear no Retiro para refrescar. :D Adios!

terça-feira, maio 27, 2008

Caro Amyr...

À muito tempo cruzei-me com este texto...

"Hoje entendo bem meu pai. Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livro ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar do calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio tecto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece, para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como imaginamos e não simplesmente como ele é ou pode ser. Que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver".
("Mar sem fim"- Amyr Klink)

Na altura não consegui deixar de pensar nele, agora preparo-me para uma curta aventura, que mesmo sendo aqui ao lado, espero que me dê mais fome de viagem.

terça-feira, abril 08, 2008

sexta-feira, março 21, 2008

Em algumas sextas à noite...

Estou a morrer tédio!
Como é o caso desta. Espero que não se repita!

quarta-feira, março 12, 2008

Questões...

Perguntei ao Google "what do i want to do with my life", ele respondeu-me "Resultados 1 - 10 de cerca de 53.900.000 para what do i want to do with my life. (0,15 segundos)".
Como é que é suposto conseguir decidir-me?!

quinta-feira, janeiro 31, 2008

31-01-2008

Desde de muito pequeno que ouço as pessoas à minha volta a encorajar outras pessoas a ir "lá para fora". Acho que depois de tanto ouvir quem sempre cá esteve a encorajar outros a saírem, entranhou-se-me na pele, para ser honesto parece-me que sempre me esteve entranhado na pele.

À medida que se aproxima o fim do curso, que em simultâneo se parece estar sempre a distanciar, sonho mais com a possibilidade de me pôr a andar, New York, London, Paris, Tokyo, Brasilia, Berlin, Buenos Aires, Kopenhagen, Madrid, Oslo, Beijing e não sei mais onde... tudo parece possível, Lisboa, Porto, Vila Real, Santo António dos Cavaleiros e Marco de Canaveses talvez para outra altura, penso eu.

A verdade é que a certeza de sair não é tão grande como o desejo e nem esse sei se é tão grande, os papas, as manas, os amigos, a praia enfim... a vida, continua a parecer muito boa por cá (se bem que como sempre deprimente). Encarar com seriedade a hipótese de sair daqui é assustador, refugio-me nas possibilidades que são oferecidas por outros locais de labora, os salários, as culturas, o absolutamente desconhecido... infelizmente nada disso irá substituir aquele jantarzinho em casa dos amigos, a monotonia semanal do bairro Alto, as conversas pós jantar que há medida que se vai amadurecendo vão ficando mais interessante (o que indica que estamos a ficar mais aborrecedores do que éramos, ambos os manos moradores nesta casa).

Tudo é muito bonito, mas a verdade é que não sei se tenho o que é preciso para durante pelo menos um ano virar costas ao inicio da vida adulta no meu país, na companhia dos meus amigos, para a solidão de uma aventura com o inesperado.

Infelizmente, estranhamente, não tenho muitos amigos a quererem o mesmo que eu, posso mesmo dizer, nenhum. Sempre fui anti-social, sem o ser, mas isto está a passar as marcas, não sei porquê sempre imaginei que quem contratasse em Portugal tivesse dificuldade em arranjar pessoas porque todos os que acabam um curso querem ir para outro país, tenho vindo a descobrir que nada disso existe. Tenho pena, porque embora goste de fazer quase tudo sozinho, gostava de ter alguém que estivesse no mesmo barco que eu e se sentisse tão emocionado quanto eu em mudar de código postal, sei que existem mais pessoas que querem fazer exactamente o que eu quero, pelas mesmas razões que eu, mas onde andam?


Estou farto de escrever mas ainda não disse nada, aqui vão alguns pontos...

Porque quero ir trabalhar para outro país? Quero descobrir pessoas que são absolutamente diferentes de mim. Quero perceber o que nunca podia perceber aqui. Quero conhecer-me. Quero aprender coisas que nunca imaginei e quero que me sejam mostradas de formas não se mostram cá. Quero ser surpreendido. Quero ficar diferente. Quero perceber o que é uma oportunidade, porque as que cá temos são diferentes das que há noutros sítios. Quero voltar a sentir que tenho tudo a descobrir de novo. Quero sempre saber como é a vida para os moradores de outros países. Quero olhar para os turistas e ficar a pensar que estão apenas a levar um décimo da experiência. Quero ser fixe. Quero saber do que falo próxima vez que recomendar a alguém que vá para fora. Quero estar sentado num avião, comboio, barco ou autocarro e pensar: "Cá está uma bela m#$£@ de uma ideia!". Quero... sei lá o que quero, quero sentir-me em queda livre!


Porque quero ficar? Porque gosto de quem conheço. Porque embora esteja poucas vezes com muita gente, não quero sentir que não posso estar. Porque não quero perder nada da vida das pessoas que me interessam. Porque é simples. Porque é bom. Porque posso ir à praia e sei como o fazer. Porque ainda não tive metade das aventuras a que tenho direito mesmo em casa. Porque aqui posso perceber do que falam as pessoas experientes, sem ter de começar do inicio. Porque este é efectivamente o meu país. Porque gosto que nem tudo cá chegue. Porque posso optar por perder ou viver algo que só se vai passar uma vez no nosso país e sonhar com isso o resto da vida. Porque posso começar a pensar no resto da vida e não nos próximos 12 meses. Porque adoro ir ao aeroporto, se começar a ser frequentador assíduo vou começar a odiar, ou pior, ser indiferente. Porque sempre me imaginei cá. Porque não gosto do esforço de uma aposta que posso odiar. Porque nem sequer quero abandonar o meu quarto, quanto mais o meu país.

Em suma, tenho medo!


Escrevi este pequeno texto em 31/01/08, ainda mal comecei a minha tese, tenho entregar o último trabalho do primeiro semestre mas não consigo deixar de pensar nisto! Espero que daqui a uns meses tenha graça ler este texto e pensar "nem eu imaginava como isto ia acabar" (claro, que acabe comigo com o curso feito e feliz).

quarta-feira, janeiro 02, 2008

Voltas....

Ouço a mesma música em repeat na esperança que a inspiração pré exame me ataque, como sempre… falho. Não desisto mesmo assim de ser o escritor… blogger menos inspirado.
Mais uma volta ao sol. Mesmo assim continuo a ver o sol a circular à minha volta, eu não quero desistir de pensar que o centro sou eu e o meu umbigo. Vendo sobre “a perspectiva” nunca cheguei a dar nenhuma volta. Portanto se passou e ainda quero fazer o mesmo que no inicio, da mesma forma, ainda não sei o que quero fazer, ou como fazer o quer que seja que queria fazer inicialmente.
Continuo perdido, a andar aos apalpões mas com um ar mais maduro.
Que esta seja aquela volta que vai ser diferente, que esta seja “a volta”!