sexta-feira, setembro 18, 2009

mais de um ano...

Hoje fiz um post de um novo texto, escrevi-o em 31-01-2008, podem procurar.

Desde do dia que escrevi esse texto passaram-se algumas coisas, trabalhei, aprendi e até me apaixonei. Quando o escrevi achei que dali a um ano teria certezas, saberia para onde quero ir. Já lá vai mais de um ano e estou tão perdido quanto estava.
O estado das coisas é o mesmo, o sítio é outro. No início senti-me especial por estar a saltar para outro sítio, achei que não haviam muitos, agora percebo que muitos o fazem. Tenho os vindo a conhecer, praticamente todos partilham a mesma história que eu, queriam experimentar.
Mais que em Madrid, em Berlim todos os dias me cruzo com alguém novo que não é de cá. As razões variam, mas em muitos identifico-me, tento não ter preconceitos, é difícil, conhecer um Chinês, Iraniano, Indonésio, Romeno, Inglês e tantos outros, sem pensar na ideia que tenho formada na cabeça sobre como devem ser. Vêm de países com guerra, com poder ou por e simplesmente com culturas diferentes e inaceitáveis para mim. Depressa fico a perceber que raramente a ideia que tenho é a realidade deles, mas ao mesmo tempo não estou completamente errado. Os Chineses são de facto muitos, os Inglês bebem demasiado e os Iranianos protestam na rua contra o seu presidente, mas todos eles conhecem os mesmos livros, programas de televisão e momentos importantes no mundo, que eu conheço. Quando os conheço é como estar numa espécie de terreno neutro, como se estivesse no aeroporto, regras e protocolos muito próprios, todos os temas são abordados com cuidado na primeira vez, até que se encontre um sitio confortável onde tenhamos o mesmo conhecimento, a partir daí vamos explorando o que não se sabe, a cultura. Na parte da cultura é que se fica apanhado, um tema de vez em quando aborrecedor para quem responde, o que tem de especial eu achar que uma viagem de duas horas é uma grande viagem ou que estar atrasado em minha casa é chegar meia hora fora do tempo esperado? Para um Russo é uma novidade um sitio onde se vive assim, menos de mil quilómetros é mesmo ali ao lado e dez minutos de atraso é inaceitável.
A verdade é que isto de estar fora de casa é violento, da terra, ouve-se falar em amigos que compram casa, que assentam com as namoradas, que começam a trabalhar à séria, tudo parece bem, enquanto cá, tudo parece parado e nunca se sabe se esta foi uma boa ou má decisão.
À uns dias uma rapariga que vai para Austrália um ano perguntou-me se estaria a fazer bem em se ir divertir e trabalhar um ano fora quando sabe que tem de voltar para fazer o curso. O medo é que a viagem altere a sua perspectiva, quando voltar já não queira estudar o mesmo e que tenha adiado as obrigações tempo demais para as voltar a cumprir. Disse-lhe que tinha feito o mesmo e que me arrependia muito de não ter acabado o que tinha para acabar na altura devida, mas que se voltasse atrás, por enquanto, ainda achava que faria exactamente o mesmo, ficou tudo mais difícil mas o que pude levar comigo neste ultimo ano vale muito mais do que o esforço que tenho de fazer agora. Não sei quanto tempo esta minha teimosia irá durar, espero que sempre.

Parar de escrever, faz com que agora seja mais difícil articular as ideias... espero que melhore.

1 comentário:

João Francisco disse...

Força duarte. Só vi agora o teu blog porque tenho andado a correr de um lado para o outro e a tentar organizar a minha vida da melhor maneira para fazer uma coisa parecida à tua (talvez com motivações diferentes e para um sitio igualmente diferente). No entanto, devo-te dizer, que sempre foste uma pessoa que me inspirei para perceber e viver a minha vida. És uma lufada de ar fresco no cinzento e limitado que muitas vezes se transforma o dia a dia. Espero que continues assim porque, sinceramente, acho que vais no bom caminho. Olhando para uma perspectiva um pouco interesseira (que às vezes tendo a cair infelizmente) penso que o mais importante numa pessoa e num curriculo é o factor diferenciador e nisso és mestre! Sinceramente, tenho vindo a ter muita inveja tua! Esta inveja deve-se porque, primeiro foste para madrid e deste um passo de gigante e que muita gente (tal como diz o outro) fala fala mas não os vejo a fazer nada. E depois, surpreendes-me outra vez ao ir para a cidade que mais gostei em todo o meu interail, Berlim. Fiquei muito contente quando escolheste esta cidade e penso que irá ser uma experiencia que tirarás muitos frutos destas sementes que tens vindo a plantar. Espero gostar de varsóvia (estarei a 5 horas de berlim e de um grande amigo). Estou um bocado com medo, mas digo-te, gosto deste medo! No outro dia falei com uma pessoa mais velha e que me disse que o mais bonito na vida é quando sais do teu cantinho seguro para arriscares e para viveres! E tu fizeste-o e eu vou tentar faze-lo. Fico muito contente em ter-te como amigo e em te ter conhecido (e penso que te conheço bem). Fico contente também de ter amigos como o João Carneio. Tu e ele fazem muita falta em Lisboa mas fico ainda mais contente de saber que estão a viver.

Um grande abraço alongado do amigo Pestana

P.S.: Se o joão carneiro ler isto, este texto é também dedicado a ele (além de a ti duarte, obviamente).